Não é um truque milagroso mas uma equipa de cientistas australianos concluiu que os seus benefícios são "substancialmente maiores do que se pensava anteriormente"
Seja de baixa ou alta intensidade, o exercício físico – mesmo que praticado durante curtos períodos de tempo – está cientificamente associado a diversos benefícios para a saúde do corpo e da mente. E há mais uma investigação a garantir que a prática de atividade física também contribuiu para uma maior longevidade. Publicado na última quinta-feira na revista científica British Journal of Sports Medicine, um estudo de uma equipa de cientistas da Universidade de Griffith, na Austrália, concluiu que a prática regular de exercício físico pode resultar no aumento da esperança média de vida que pode ir de 5 a 10 anos. “As nossas descobertas sugerem que [a atividade física] proporciona benefícios para a saúde substancialmente maiores do que se pensava anteriormente”, pode ler-se no estudo.
Para a investigação, a equipa australiana desenvolveu uma “tabela de vida” de forma a calcular o impacto que os diferentes níveis de atividade física – divididos em quatro quartis – tinham nos anos de vida da população norte-americana, com mais de 40 anos. A tabela foi construída com base em dados recolhidos entre 2003 e 2006, pelo National Health and Nutritional Examination Survey, em que foi medida – com recurso a acelerómetros – a atividade física dos participantes. A amostra analisada utilizou os aparelhos durante, pelo menos, dez horas no decorrer de 4 ou mais dias. Para além do tempo de atividade física diário, estes medidores de atividade captaram ainda o nível de atividade diário destas pessoas, sendo contabilizadas atividades quotidianas, como subir escadas ou uma curta caminhada. Estes dados foram depois cruzados com registos médicos populacionais de 2019 e com o número de óbitos registados em 2017 pelo Centro Nacional de Estatísticas da Saúde – que os investigadores assumiram estar relacionados com os níveis de atividade de 2003-2006.
Com base nas informações recolhidas, a “tabela de vida” teve por objetivo fazer uma projeção dos anos de vida seguintes da população analisada – com base nos seus diferentes níveis de exercício físico – e calcular quanto tempo poderiam vir a “ganhar” caso aumentassem a sua prática diária.
De acordo com as conclusões, os primeiros 25% da população – o quartil com maiores níveis de atividade -mostraram praticar cerca de 160 minutos de caminhada (a 4,8 km/hora) diariamente. Já o quartil que demonstrou menor prática física teve uma atividade equivalente a uma caminha de 49 minutos, seguidos do grupo com 78 minutos e do terceiro quartil com 105. Com base nestes dados, as estimativas mostraram que se toda a população norte-americana – com mais de 40 anos – fosse tão ativa como o primeiro quartil, a esperança média de vida poderia aumentar pouco mais de 5 anos, ficando situada nos quase 84 anos (atualmente encontra-se nos 78,6).
Contrariamente, se todos tivessem um desempenho físico igual ao do último quartil, a esperança média de vida nos EUA seria de 73 anos – uma perda de quase 6 anos de vida. “Fiquei surpreendido ao descobrir que a perda de anos de vida nos EUA devido a baixos níveis de atividade física pode rivalizar com as perdas devidas ao tabagismo e à hipertensão arterial”, explicou Lennert Veerman, um dos autores do estudo.
A tabela mostrou ainda que de forma a igualar o grupo mais ativo, o quartil de atividade mais baixo teria de fazer mais 111 minutos de caminhada – a 4,8 km/hora – todos os dias, o que poderia resultar num “ganho” na sua esperança de vida de quase 11 anos.